"...hoje não te toco… hoje não te beijo nem te abraço... hoje estou
quieto à tua disposição… apenas corpo solto sem amarras nem vontade...
hoje não te toco… hoje só tu tens esse poder, o de me fazer ficar quieto
inteiramente entregue à tua fantasia, à tua gula de prazer... o duche
quente provocou em mim uma modorra e uma vontade enorme de nada fazer,
nem de me mover… de corpo nu e ainda húmido, deitei-me na cama de
barriga para baixo com os braços ao longo do corpo e com a cabeça
olhando para a esquerda... fiquei assim largos momentos até te sentir
entrar no quarto... pelo espelho da cómoda vi-te de corpo inteiro
olhando para mim… sorrias e com muita lentidão começaste a tirar a
toalha de banho que te cingia o corpo... ficaste nua nessa tua pele de
cor acetinada linda que tanto me fascina... não vias que te via...
aproximaste-te da cama e de joelhos te posicionaste junto do meu
corpo... não me movi... nada dissemos... passaste tua perna esquerda por
cima de mim e te sentaste sobre as minhas nádegas de tal forma que
senti o teu sexo junto do meu rabo... já não te conseguia ver pelo
espelho... somente te sentia, quente e fresca com algumas gotas de água
morna caindo sobre as minhas costas... tuas mãos pousaram sobre os meus
ombros e teu tronco se aproximou das minhas costas de forma a sentir o
pousar lento dos teus seios... senti teus mamilos endurecerem lentamente
pelo contacto e fricção que começaste a fazer… ao mesmo tempo, a tua
língua tocava ao de leve a minha orelha esquerda provocando-me um
arrepio de prazer... ficaste assim longos momentos, usufruindo apenas o
contacto do meu corpo inerte... depois, senti tuas mãos mexerem-se por
baixo do meu peito e apertarem forte os meus mamilos… desceram lenta mas
inexoravelmente para baixo de encontro ao meu sexo… encontraste-o
inteiro e duro e o acariciaste da forma que quiseste... teus seios
continuavam a roçar as minhas costas e a tua pélvis insinuava-se cada
vez com mais força nas minhas nádegas... levantaste-te o suficiente para
que me fizesses voltar de barriga para cima… olhei-te e adorei teu
corpo altivo sobre mim… na mesma posição em que estiveras, subias agora
para que o teu sexo se sentasse literalmente na minha boca… não me movia
mas não consegui resistir e a minha língua moveu-se dentro dele em
movimentos doces… senti apenas a minha respiração compassada mas
aumentando de intensidade por virtude do prazer que me invadia... ainda
sentada dessa forma conseguiste num movimento gracioso inverter a
posição de forma que fizeste uma inversão perfeita… estavas agora com a
tua vagina na minha boca e com a tua boca brincando com o meu sexo...
conseguimos estar dessa forma o tempo suficiente para enlouquecermos...
naquele quarto nada mais se ouvia do que o arfar compassado das nossas
respirações... comecei a sentir o agridoce gosto do teu mar escorrer
pela minha garganta... já não estava a conseguir aguentar muito mais
tempo e parece que adivinhaste esse momento… viraste de novo a posição
de forma a ficares virada para mim e sentada sobre a minha púbis
introduziste o meu sexo na tua vagina… senti a profundidade da mesma ser
invadida vezes sem conta em movimento rítmicos... a intensidade
aumentava segundo a segundo e num momento mágico sentimos que aquele
seria o momento da fusão... foi aí que deixaste cair teu peito sobre o
meu peito e abraçados então num abraço louco de amor profundo, senti
teus lábios quentes junto dos meus e teu sexo vibrar em palpitações ao
mesmo tempo que o meu orgasmo te invadia as entranhas... um som rouco
proveniente das nossas respirações confundiu-se com os gemidos de prazer
que deixaste então sair da tua alma… aquele momento não tem comparação
com qualquer outro momento… é um momento único... hoje não te toco… hoje
não me movo... hoje sou apenas corpo, loucamente louco..."
Joaquim Nogueira.