Sussurra o vento
Tão somente
Entre campos vastos
Iluminados, por sois dourados
Refletindo, as casas alvas
Com o verde das colinas .
Ah... se eu pudesse
Adormecer a noite
Tal como adormeço
Quando ela chega .
Naquele momento entrego-me
À insignificância do meu ser
Envolvo-me na luz
Que raia, os meus sonhos .
Lembranças como elas são
tão vivas
Sorrir para o arco íris
Quando, em dias cinzentos
Ele sorri para mim do lado de lá
Do monte ...
Lembra o cheiro úmido
Da terra, abatida
Pelas cheias das chuvas de Abril .
O cheiro do café e canela
Que sai das chaminés
Rendilhadas por filés !
Ando perdida, pirada
à poeirenta,
beira de estrada .
Estou sem eira nem beira
porque sem ti
não sei fazer nada .
Em pose de mariposa
alucinado e perfumado
salto aqui , e pouso ali
cheirando no pó
que os teus pés pisaram
na beira da estrada .
O estalido das ervas secas
são a minha companhia
Testemunham a
minha passagem
naquela, que foi um dia
a tua passagem,
pra a minha casa...
Seus olhos são como a água
brilhando para me beijar
minha alma já despida
anseia, por lá ir nadar.
O meu cérebro raciocina
mas o meu amor deseja
em ti mergulhar
não hesito , vou mesmo lá me afogar.
Eu brinco com as palavras
escrevo em trocadilho
assim como o poeta, escreve em verso
ele torna-se poesia, e
voa pelo universo, de tarde
à noite e de dia .
Escrevo-lhe na raiz do verbo
deixo a marca no papel
lá não existe adverso
só eu, que sou seu céu!