quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Indústria Farmacêutica

ONG questiona preços, fármacos e publicidade de grupos farmacêuticos no Brasil2


O estudo “Às custas dos pobres”, realizado pela ONG alemã Bundeskoordination Internationalismus (Buko), pesquisou no Brasil a conduta de três multinacionais da indústria farmacêutica: as alemãs Bayer HealthCare e Boehringer Ingelheim e a norte-americana Baxter, avança a DW.

Entre Janeiro de 2011 e Junho de 2012 foram avaliadas a oferta de medicamentos, a política de preços e as estratégias de marketing dos três grupos. Apesar de alguns pontos positivos, como o facto de muitos medicamentos importantes produzidos pelas multinacionais serem comercializados no Brasil, as críticas sobressaem: preços muito altos impedem o acesso a medicamentos importantes, fármacos proibidos noutros países são vendidos no Brasil, algumas campanhas publicitárias são enganosas e combinações de substâncias oferecem riscos à saúde.

"O objectivo era identificar problemas nas estratégias dessas empresas e tentar mudar algumas de suas condutas", explica o investigador Rogério Hoefler, do Conselho Federal de Farmácia, que cooperou com o projecto da ONG alemã. "Para produtos que as empresas não podem comercializar na Alemanha, elas procuram outro mercado e utilizam a fragilidade desses países na questão sanitária", completa o investigador. E o Brasil é um desses destinos.

Na avaliação de Hoefler, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil) – que existe há pouco mais de dez anos – ainda encontra-se nos seus primórdios em termos de actuação. Segundo o investigador, as empresas tiram proveito dessa situação. "Mesmo sabendo que o produto não seria adequado e seguro para ser comercializado, elas vão vendendo enquanto o governo permite", afirma.

Buscopan® Composto

Essa declaração vale, por exemplo, para a Boehringer Ingelheim. O Buscopan® Composto, por exemplo, é severamente criticado por conter a substância activa metamizol, que pode desencadear diversas reacções adversas no corpo, além de provocar uma redução drástica de glóbulos brancos, importantes para o sistema imunológico.

A substância é proibida nos EUA, no Reino Unido, na Austrália, no Canadá e na Suécia. Na Alemanha, os medicamentos que contêm metamizol foram retirados do mercado em 1990 e o uso da substância é limitado a determinados casos.

A pesquisa afirma que a Boehringer Ingelheim continua a oferecer o medicamento nas farmácias brasileiras por interesses económicos: o Buscopan® Composto é o medicamento mais vendido no país, tendo sido responsável por 11% da facturação da Boehringer Ingelheim no Brasil em 2011.

Já a Bayer HealthCare, sediada em Leverkusen, no oeste alemão, é criticada pelas suas peças publicitárias e os seus altos preços. O medicamento Nexavar®, muito importante no tratamento do cancro do fígado, custa no Brasil por mês para cada paciente um total de 2.934 euros (aproximadamente 7.300 reais) – um preço salgado até para a classe mais abastada, ressalta a pesquisa.
Além disso, certas "misturas absurdas de vitaminas" também foram criticadas. O complexo Supradyn® Pré-Natal reúne 25 substâncias. Segundo especialistas, isso é problemático, uma vez que a reacção do corpo à ingestão concomitante de tantos princípios activos é imprevisível.

Além disso, as peças publicitárias do medicamento são questionáveis: num spot para a TV, mãe e filho tomam juntos um comprimido do composto vitamínico, enquanto degustam uma comida fast food, insinuando ao espectador uma alimentação que fornece energia ao corpo.

Sem colaboração

A norte-americana Baxter foi a que melhor se saiu nos resultados da pesquisa – mas é, também, a menos presente no mercado brasileiro entre as três empresas pesquisadas. Em 2011, a multinacional comercializou 53 produtos no país, ao passo que a Boehringer Ingelheim esteve presente com 104 medicamentos e a Bayer, com 167.

Uma das críticas à Baxter é, contudo, a política de preços. As parcelas mais pobres da população, bem como os hospitais públicos, acabam não tendo acesso aos remédios do fabricante. Além disso, a empresa não se dispôs a colaborar com o estudo e recusou-se a responder os questionários enviados.

A equipa de investigadores tentou entrar em contacto com as três multinacionais no Brasil, mas o retorno foi mínimo: apenas a Boehringer Ingelheim respondeu. "Essa falta de transparência é um aspecto muito importante. Percebemos que quase não existe um compromisso com a sociedade, nem uma transparência de informar o que fazem no Brasil", aponta Hoefler.

Conclusões finais

O estudo conclui que o livre acesso à saúde no Brasil esbarra principalmente nos altos preços dos medicamentos, principalmente no que diz respeito às chamadas "doenças da civilização", como enfermidades cardíacas e circulatórias, cancro ou diabetes, cujo tratamento depende muitas vezes de medicamentos de preços elevado. Para mudar essa situação são necessários investimentos enorme nos próximos anos, concluem os investigadores.

A pesquisa realizada no Brasil complementa projecto semelhante executado na Índia, em 2010, no qual a conduta das mesmas empresas foi analisada. O estudo será publicado no Brasil, em português, entre Fevereiro e Março de 2013.

O Brasil é o quarto maior mercado consumidor de medicamentos do mundo, depois dos EUA, da Alemanha e da França. Desde 2005, o mercado brasileiro cresce num ritmo acima dos 10%, em 2010 chegou até a 19% ao ano. Além disso, o Brasil é o país com maior número de farmácias do mundo – a Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias regista mais de 60 mil farmácias em todo o território nacional.


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