Escrever é inventar,
Escrever é um porre em si. A escrita não é ciumenta.
Relaciona-se bem com outros prazeres que com ela se completam, como a música, o
cinema, o teatro.
Escrever é sangrar e ao mesmo tempo estancar a sangria.
Escrever é uma alegria. Mesmo quando é triste. Escrever é se sentir vivo é,
quando achamos que nossa vida não vale nada.
Escrever vicia, mesmo não usando drogas.
Escrever é cravar os dentes na carne do papel, é deitar
impressões digitais pela cena do crime. É abrir as comportas e deixar sair da
caneta azul óvulos que andavam as escondidas.
Escrever é dançar pelas mãos. Escritor que não escreve
atrofia as idéias, fica gago dos pensamentos. É como poeta que vai recitar
poesia e os versos entram em greve.
Escrever é doar, mesmo que doa.
Escrever é subir num ringue contra um peso-pesado sabendo-se
peso-mosca.
Escrever é soltar as rédeas. É provar por A + B, e com
convicção, com quantos paus se faz uma canoa, mesmo sem saber como se faz uma
canoa e que nunca tenha entrado numa.
Escrever é inventar, é criar, neologizar. É psicografar o que
ninguém lhe soprou. Quem escreve tem que achar que o ar são letras que inspira
e se devolve à atmosfera como palavras quando se expira.
Escrever é inventar pretexto qualquer para escrever, mesmo
que tal pretexto seja o que você gostaria de dizer a uma pessoa que não está
escrevendo. E, nesse caso, o que tem menos importância é o que você quer dizer.
Principalmente se não souber o que vai dizer.
Escrever acho que é isto que inventei agora e está muito além
da nossa imaginação.
Helena Emilia.
0 comentários:
Postar um comentário